As taxas de retorno de investimentos em ações sempre constituíram uma inquietação perene no universo dos investidores. Contudo, nos últimos anos, testemunhamos uma evolução profunda nas decisões estratégicas das corporações. Diversos fatores e circunstâncias estão instigando a alta administração a reavaliar não apenas o seu papel, mas também o papel de suas organizações, particularmente no que concerne à criação de valor.
Em geral, os altos executivos são remunerados com base em critérios que vão além da mera geração de riqueza para os acionistas. O resultado desse paradigma reside na disseminação inadvertida da destruição de valor. Tal situação não deriva necessariamente de intenções nocivas, mas sim porque os gestores buscam outros objetivos que, por vezes, entram em conflito com a maximização do valor, incluindo a conquista de participação de mercado, o crescimento do volume de vendas, a satisfação dos clientes e a atenção a outras partes interessadas, além dos inabaláveis objetivos estratégicos.
Importa destacar que tais objetivos não são indesejáveis. O cerne da questão reside na possibilidade de que, em meio à complexidade e à burocracia institucional, o requisito fundamental de garantir retornos competitivos sobre o capital — um pressuposto essencial para o sucesso duradouro em qualquer empreendimento — possa ser por vezes obscurecido.
Diante das profundas transformações observadas no mercado de capitais, emerge uma lição crucial para os líderes corporativos: o capital atingiu um grau de mobilidade sem precedentes na história da humanidade, deslocando-se constantemente em busca dos lugares onde seu valor é mais bem apreciado.
Neste novo paradigma, não basta que as empresas sejam competitivas nos mercados comerciais. Elas devem, igualmente, demonstrar competitividade nos mercados de capitais. Do contrário, enfrentarão o ônus de um custo mais elevado para financiar suas operações em comparação com seus concorrentes. Tal problemática pode ser mitigada mediante melhorias no desempenho operacional ou até mesmo pela reconfiguração do controle acionário. No pior dos cenários, as empresas podem se encontrar à beira da insolvência.
Todos os executivos sabem que, para prosperar e expandir, as organizações devem manter uma competitividade contundente em termos de custos operacionais, tais como despesas com mão de obra, matérias-primas e gastos administrativos. A novidade reside no fato de que a sobrevivência corporativa, na atual conjuntura, depende da manutenção de custos competitivos de capital, uma realidade que ainda não foi integralmente absorvida por muitos gestores.
A gestão orientada para a criação de valor demanda uma transformação profunda na abordagem à administração organizacional. Os líderes corporativos que não lograrem cumprir essa missão se verão em desvantagem competitiva, comprometendo, assim, a continuidade e a perpetuidade de seus empreendimentos.
Ismael Santos, especialista em reestruturação de empresas e sócio da Resultadus Reestruturação e Performance.
EVA e Gestão Baseada em Valor